10/04/2019 19:08 Wendell Gomes Barbosa Wendell Gomes Barbosa

Dia do Índio: representantes da Tribo Xukuru-Kariri participam de evento na Deso

Indígenas pedem divulgação das dificuldades que eles enfrentam em todo o Brasil

A Companhia de Saneamento de Sergipe - Deso promoveu na manhã desta quarta-feira, 10, evento cultural e ambiental, alusivo ao Dia do Índio - comemorado no próximo dia 19 de abril -, voltado à preservação da natureza e, especialmente, do nosso recurso natural mais preciso: a água. Com a presença de indígenas da Tribo Xukuru-Kariri, de Palmeira dos Índios, em Alagoas e representante Tribo Xocó, da Ilha de São Pedro, de Porto da Folha, em Sergipe, os empregados da Deso puderam acompanhar na área externa, exposição do artesanato produzido por eles, além da apresentação do Toré, uma manifestações cultural em formato de ritual que une dança, religião, luta e brincadeira.

De acordo com Maria Socorro Barbosa, enfermeira da Deso e responsável pela vinda dos índios até a Companhia, o evento é uma forma de apoiar a cultura disseminada pelos índios. "A importância em realizar trabalhos como esse, diz muito a respeito do grito indígena que vive calado ou que quando ocorre, não é atendido. Acompanho a trajetória indígena e vejo a questão das terras que eles perdem, as dificuldades em todos os sentidos. Honro muito esse trabalho porque acredito que eles não podem ficar sem o apoio do "homem branco". Não são reconhecidos por muitas camadas da sociedade, não são respeitados, e hoje lhes faltam muitas coisas. A maioria deles não possuem condições de chegar na cidade e pedir ajuda. Trazemos os índios para que possam fundir as culturas e possam mostrar seu artesanato, que é uma forma que eles possuem para sobreviver. Estamos presentes para apoiar essa cultura. Agradeço ao presidente Carlos Melo que apoiou a chegada dos índios, a Gerência de Marketing e a muitos colegas que trouxeram doações", disse.

Xukuru-Kariri e Xocó

Para o Pajé Ierú, da Tribo Xukuru-Kariri, a participação se resume a um pedido de socorro. "A maior importância em estarmos hoje aqui, é para pedirmos socorro pela situação que os indígenas do Brasil se encontram. É em uma oportunidade com o essa, quando nos encontramos com estudantes, professores e empresas como a Deso, que pedimos que divulguem a nossa situação. Próximo dia 23 de abril, estaremos indo de ônibus para Brasília, pois hoje, quando o índio sai da sua aldeia é porque a situação está bem pesada. Nossos direitos estão sendo tirados. São nessas horas que precisamos clamar por socorro, aos professores, aos empresários, que possam divulgar nossa situação para nos socorrer. A nossa guerra hoje está pior que a do Iraque, os brasileiros não podem deixam isso virar uma nova ditadura. Antes, tínhamos altos e baixos mas conseguíamos apoio para termos soluções. Hoje nós estamos para matar ou morrer porque está muito difícil. Índio não tem preconceito com ninguém, e peço que o povo de Aracaju busquem seus índios para conhecer suas histórias", ressaltou.

Ronaldo Gomes Melo, Assistente de Gestão Operacional II, também é indígena. Pertencente a Tribo Xocó, de Porto da Folha, município sergipano, ele é empregado da Deso há um ano. "O momento é muito importante, onde a empresa valoriza a nossa cultura, nossa existência, características que na sociedade ainda passamos por preconceitos e discriminação. Na Deso, vemos a importância que é dada aos nossos valores. Fazemos parte de um povo afastado da vida urbana, mas que tem sua vida ligada ao meio ambiente, a flora e fauna e isso é algo indispensável pois a natureza é vida. Então, principalmente quando falamos da Deso, e o povo indígena, que vivem com recursos naturais e tratam a natureza como mãe, lembramos que a empresa trabalha com água que é indispensável e fundamental para a vida. Atualmente, sentimos a falta de uma maior aproximação entre as pessoas, da solidariedade entre os povos. Nas nossas comunidades temos isso e primamos diariamente pela boa convivência, respeito e compreensão, pelo carinho com o outro. Isso é algo que trazemos como primordial para nossas vidas e é essa mensagem que gostaríamos que fosse entendida", finalizou.